Nesta data de comemoração do Dia do Geriatra, trago à luz uma grande revolução no campo de uma importante patologia que todos nós geriatras enfrentamos todos os dias.
Quando estava na universidade, me ensinaram que a demência de Alzheimer era não prevenível, progressiva e incurável. Um beco sem saída com pequenas tentativas de alívio.
A partir de 2018, por meio da Lancet Commission, ficaram claros fatores modificáveis que têm evidência de prevenção em cerca de 40% das demências: tratar do diabetes, depressão, parar de fumar, controlar o peso, estudar, ser fisicamente ativo, consumir pouco álcool, controlar a hipertensão, evitar isolamento social, respirar ar não poluído, evitar traumatismo craniano, evitar e minorar perdas auditivas.
Logo, a demência atualmente é uma doença fortemente prevenível.
Outra revolução que atualmente se anuncia é o desenvolvimento de medicações monoclonais que são capazes de retardar o progresso da doença.
A essas duas grandes mudanças na visão e no enfrentamento das demências se soma a intervenção não medicamentosa, que é a estimulação cognitiva, definida como medidas e exercícios físicos, cognitivos e sociais que mantêm por mais tempo variadas capacidades.
Dessa forma, o progresso das demências também passou a ser modificável.
Incurável é ainda a faceta dessa doença que segue sem solução, mas agora, com muita esperança e evidência, sabemos que estamos diante de uma nova etapa de cuidado em relação às demências. Estamos virando o jogo.
Feliz Dia do Geriatra!
Dr. André Junqueira Xavier
Graduado em Medicina pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (1989), Mestre em Ciência da Computação na Universidade Federal de Santa Catarina (2002) e Doutor em Ciências da Saúde e Informática da Universidade Federal de São Paulo (2007).
Especialista em Geriatria pela Fundação Osvaldo Cruz – Escola Nacional de Saúde Pública. Especialista em Geriatria pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Especialista em Geriatria da Associação Médica Brasileira. Professor de Medicina Preventiva, Geriatria e Gerontologia, fundador e professor do Serviço de Geriatria Ambulatorial e fundador e coordenador do Serviço Ambulatorial de Memória (MEMO), da Faculdade de Medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina.
Muito bom saber dos avanços da medicina e ter esperança de prevenção, porém está deve começar antes do processo de envelhecimento para não ser tarde demais.